Dia a Dia

Ouvir: um raro hábito

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Por que nos incapacitamos para ouvir?

Já repararam como é comum alguém estar falando e logo ser interrompido com  as histórias "semelhantes" de seu interlocutor que passa imediatamente de ouvinte para monopolizador da "conversa"?

Vivemos um tempo em que todo mundo tem muita necessidade de falar e pouco tempo para ouvir. Para conversar com os próprios botões, então, nem pensar! Dificilmente, alguém pára pra se ouvir.

Perdemos o hábito de silenciar e até de conviver com o silêncio. Se a casa estiver vazia, liga-se logo um aparelho, mesmo sem prestar atenção ao seu som.

Mundo moderno, cidade barulhenta, excesso  de coisas a fazer, pensamento fervilhando... todos andam a mil, voltados para suas ansiedades, preocupações e agitações. Como ouvir exige disponibilidade e atenção, os chamados "diálogos" acabam virando monólogos sem ouvintes. 

Em casa, o ressentimento costuma ser grande entre marido e mulher, pais e filhos. O dito não é ouvido ou apenas escutado em parte, gerando desentendimentos. Pais e filhos  se queixam da falta de diálogo e nem se dão conta do quanto contribuem para isto. Para entender o outro é preciso ouvi-lo, não só com os ouvidos, mas com a alma também.

A difícil arte de ouvir

O ato de ouvir envolve atenção, sensibilidade, respeito e acolhimento. E mais. Envolve, principalmente falta de pré-conceito. Quando escutamos com uma idéia já formada e pronta, na realidade, não absorvemos nem refletimos sobre o que o outro fala, só nos preparamos para rebater. 

Ouvir quer dizer refletir e "sentir" o que o outro está dizendo.  Nem sempre requer comentários, respostas imediatas ou debates. Tantas vezes é importante apenas escutar  o desabafo, o pensar alto do outro. Outras vezes algumas perguntas até cabem porque ajudam a pessoa a repensar e a encontrar suas próprias respostas.

Mas poucos resistem a fazer  pré-julgamentos, a dar sentenças precipitadas e a repelir aquilo que não vai de encontro com suas convicções e verdades. Acontece no trabalho também. Quantas vezes uma idéia morre sem sequer ter sido considerada e avaliada. O perigo é que muitas vezes não se enterra apenas a idéia,  mas a vontade de dar idéias ou de falar.

E entre amigos? Parece incrível, mas é onde a conversa flui melhor. Claro, não são todos, porque há os que se perdem em falação e no seu próprio mundo. 

Quando somos ouvidos, as idéias brotam e pode-se analisar o que perturba por vários ângulos. Os "pontos cegos" saem da sombra. Ao contarmos um problema ou uma idéia a um ouvinte atento, conseguimos muitas vezes achar algum tipo de resposta para nós mesmos.

E isto os jovens sabem fazer muito bem entre si. Falam e ouvem. Trocam energia e se reabastecem. Descobrem-se. Aprendem quando ouvem e quando falam.

Mas, infelizmente, ao longo da vida muitos perdem a qualidade de ouvintes. Dominados pelo estresse, pela pressa e pelo cansaço se tornam impacientes e intolerantes com as dificuldades ou com as idéias alheias. Só têm tempo para pensar nas suas ou em si...



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