Enquanto acreditarmos que os casos de dengue aumentam, essencialmente, pela falta de ação efetiva dos órgãos governamentais ou porque o transmissor, Aedes aegypti, sempre se abriga nas regiões mais pobres, onde o acesso à informação é menor e o abandono público é mais sentido, mais nos distanciaremos do problema.
Nas duas situações há uma meia-verdade. Ações públicas saneadoras e campanhas informativas são necessárias, mas de nada valem se não houver o apoio dos cidadãos.
Para o mosquito, não há fronteira. Ele se cria em todo lugar, nas áreas nobres, turísticas, residenciais e comerciais, especialmente em cidades tropicais, o que significa que essa não é uma tarefa simples, nem limitada a um grupo de agentes comunitários.
A única maneira de evitar a dengue é não deixar o mosquito nascer, ou como diz a campanha “não dar asa ao mosquito”, e isso depende de todos nós.
Você faz a sua parte?
Para acabar com os criadouros, que são os berçários dos mosquitos, não se pode deixar a água, mesmo limpa, ficar parada em qualquer lugar ou recipiente.
E essa regra se aplica a várias situações, desde as mais óbvias como, por exemplo, pneus abandonados, garrafas e tampas vazias, copinhos descartados ao léu, etc até às menos óbvias, nos simpáticos pratinhos de planta, xaxins e miolos de bromélia, que acumulam água e são abrigos certos para a criação das larvas do mosquito.
Uma boa solução para eliminar completamente os ovos nos pratinhos de planta é trocar a água por areia molhada, mas caso não faça a substituição, é preciso lavar os pratos constantemente com bucha. Assim também se deve fazer com os bebedouros para pássaros, trocando a água com frequência.
Calhas e lajes devem ser limpas constantemente para desobstruir a passagem da água. Cisternas e poços devem permanecer tampados, assim como piscinas e vasos sanitários cobertos, quando não estiverem em uso. Cobrir lixeiras com tampas é outro cuidado imprescindível.
Provavelmente não há nessas informações nenhuma novidade para você que é bem-informado. O seu papel mais importante é ajudar a educar, fiscalizar, alertar e até denunciar, quando observar em seu entorno o descumprimento dessas regras que pré-anunciam um foco de mosquito.
Nós, brasileiros, ainda somos muito tímidos em cobrar providências, seja do proprietário da casa ao lado, do síndico, do representante do bairro ou do próprio governo. Também lidamos com pessoas menos informadas, por isso é importante que sejamos solidários, não só orientando com palavras, mas principalmente com atitudes, visando a multiplicação dos cuidados.
Afinal nos 45 dias de vida (em média), um único mosquito pode contaminar até 300 pessoas. E o sorteado pode ser você, alguém da sua família ou de suas relações.
Na primeira vez que se contrai a doença, ela é desagradável, na segunda é bastante arriscada, mas na terceira, é provável que seja fatal.