Dia a Dia

Avós, ajudam ou atrapalham?

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A discussão é antiga e cada família tem sempre uma história para contar. Mas qual o papel dos avós na educação dos netos? Eles ajudam os pais nos momentos de necessidade ou são meros palpiteiros que teimam em fazer tudo do jeito deles? O pediatra Joel Cunha, presidente do Comitê de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro diz que a dúvida dos pais em relação à contribuição dos avós existe, mas que em grande parte eles ajudam muito na criação dos netos.

“Existe a imagem idealizada da avó carinhosa, que mima seus netos e se diverte com eles, sem empenhar-se em obter disciplina e bom comportamento. Porém, muitas vezes é ela quem incentiva a criança a fazer os deveres de casa, quem acompanha e valoriza sua vida escolar, fatores que resultam em maior sucesso das crianças na escola”, explica o pediatra.

É preciso definir limites

Que mãe nunca recomendou ao deixar o filho na casa da avó que ela não ofereça à criança refrigerante na hora das refeições? Ou que primeiro o filho fizesse o dever de casa para depois brincar e o acordo não foi cumprido? Pequenos estresses como esses podem confundir a criança. Assim, ela acaba acreditando que não precisa ter regras e limites a serem cumpridos também na casa dos avós.

O médico diz que “ter limites é uma necessidade da criança. Mas dar limites é trabalhoso. Por isso, os avós ficam com uma imagem errada. Eles já passaram por tudo isso na educação dos filhos e acabam relaxando com as recomendações dos pais, que ficam estressados. É aí que se instala a discussão, ainda mais quando a criança convive com avós maternos e paternos”.

O pediatra também alerta que limites sem critérios definidos podem confundir a criança. “Os avós têm razão de vez em quando e as questões devem ser pensadas em conjunto. As relações com as crianças podem ser menos rígidas, com menos limites, mas esses devem ser claros e respeitados por todos, beneficiando a educação delas”.

Avós presentes

Existem as avós que não participam da vida dos netos, aproveitando apenas os momentos bons e festivos. Em contrapartida, existem aquelas que assumem grandes responsabilidades. “Um exemplo é relacionado com a gravidez de adolescentes, que muitas vezes não têm condições de criarem, sozinhas, seus filhos. Nesses casos, não é raro encontrarmos avós jovens que ainda trabalham, criam os filhos e se vêem assumindo boa parte dos cuidados com o neto“, afirma o pediatra.

A dona-de-casa Ruth Rebello dos Santos, de 79 anos, conta que ajudou muito os filhos no dia-a-dia dos quatro netos. “Como meus dois filhos sempre trabalharam foram, eles costumavam deixar as crianças aqui em casa quando pequenas, para que não ficassem com sozinhas com babás ou empregadas. Na época de irem para o colégio, eu ajudava nos deveres de casa, a estudar para as provas e controlava os horários de banho e das refeições. Como estudavam à tarde, meu marido ia buscá-las e as traziam para minha casa, enquanto meus filhos não saíam do trabalho. Sabia que eles chegavam cansados, então, fazia o máximo que podia”, conta.

Ruth diz que não encara os conselhos que dava aos filhos como uma forma de tirar a autoridade deles. “Eu tinha mais experiência e passado por todas as fases da criação de um filho que eles ainda passariam, então, muitas vezes, eu me antecipava às decisões deles. Às vezes acontecia alguma discussão, mas em geral, não tinha problemas”, explica.

Amansil de Oliveira Duarte, 62 anos, adora que o neto Pedro Henrique, 12, fique em sua casa. Mas ela parte do princípio de seguir as recomendações da nora e não dar palpite na educação do menino. “Sou aquele tipo ‘vovozona’. Brinco com ele, dou apoio a meu filho e minha nora, fico com meu neto quando eles precisam viajar, mas não me intrometo na educação e nem na alimentação dele. Sirvo o que a mãe dele recomenda com alguma coisinha a mais. Sei que a tarefa de educar os filhos é dos pais e os avós não devem se meter. Cada pai sabe sempre o que é melhor para o seu filho”, explica.

Dicas

- Antes de deixar as crianças com seus pais converse com elas e explique que o fato de não estarem na casa delas não significa que não devem cumprir as tarefas habituais.

- Diga a seus filhos que os avós estão te ajudando a cuidar deles e que devem se comportar bem, sem deixar a casa de cabeça para baixo de tanta bagunça.

- Quando deixar as crianças com seus pais recomende a eles o que é preciso ser feito, como: dever de casa, banho, o horário das refeições, etc. Mas não seja tão exigente ou brigona caso eles não consigam cumprir exatamente o que você queria, afinal, são idosos e têm outras coisas para fazer.

- Se a criança tiver que comer algo especial leve da sua casa. Assim você evita o trabalho de preparar uma refeição diferente. O mesmo serve com os medicamentos, ele na bolsa da criança o que ela está acostumada a tomar.



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