A volta às aulas nas universidades brasileiras já começou. É tempo de rever as amizades, preparar as bases para um bom ano de estudos ou até se acertar para a graduação. Tradicionalmente, é a época do trote, um "batizado" oferecido pelos veteranos aos novos alunos que chegam à faculdade.
Quase sempre cercados por um ar de mistério, muitas vezes preocupando os calouros por conta de episódios violentos passados, estes eventos felizmente vem sendo substituídos por campanhas mais conscientes e preocupadas com o bem-estar social e da comunidade onde a universidade está inserida. Nada mais natural, afinal buscamos a educação para melhorar nossa empregabilidade, mas também para podermos exercer a cidadania em sua plenitude em futuras posições de destaque em empresas ou órgãos públicos.
Pelo fim da violência
O episódio decisivo para a mudança de postura da universidades e da mídia em geral parece ter sido a morte do aluno de medicina Edison Hsueh em 1999. Calouro da PUC-SP, ele foi encontrado morto na piscina da associação atlética dos alunos após um churrasco organizado pelos veteranos do curso. A partir daquele dia, os meios de comunicação mobilizaram-se e os alunos finalmente chegaram ao consenso de que os limites já haviam sido ultrapassados há muito tempo.
A partir daí, surgiram iniciativas que não só baniram de vez a violência deste momento marcante na vida dos estudantes como também trataram de engajar os calouros e veteranos em práticas saudáveis. Começaram a acontecer os trotes solidários, que se dedicam a atuar em diversas frentes socialmente responsáveis, como veremos abaixo.
Trote-cidadão
A ONG Trote da Cidadania, por exemplo, dedica-se há seis anos ao desenvolvimento e aconselhamento de trotes solidários em todo os país. No site www.trotedacidadania.com.br, ela disponibiliza manuais e informações ao interessados em organizar um trote nestes moldes, além de apresentar projetos já apoiados que obtiveram grande sucesso e repercussão na mídia.
Outras práticas que vêm se tornando comuns incluem doações de sangue, recebimento de agasalhos, calçados e alimentos e brinquedos para instituições que cuidam de crianças. Estes procedimentos são incentivados pelas reitorias e muitas vezes coordenadores em parcerias destas com os alunos. A imagem institucional é reforçada e boas ações são feitas com solidariedade e sem demandar grandes esforços ou maiores investimentos.
Uma boa sugestão seria tentar incluir algum tipo de proposta para que os alunos interessados forneçam cursos básicos a entidades que cuidam de analfabetos ou crianças carentes, saindo do simples assistencialismo e tentando chegar a uma transformação social maior e mais ampla.
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