Convivendo com a Diferença

Livro falado

Gravando livros para cegos

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Quem é apaixonado por livros sabe quanto a leitura instiga a curiosidade e complementa a educação. Ler significa entretenimento, conhecimento e novas percepções,  entre tantas outras maravilhas que as boas histórias realizam na vida de quem tem esse hábito.

Infelizmente para cegos e deficientes visuais, a leitura é uma opção mais rara de divertimento, é uma fonte muito mais restrita de informação, lazer e educação.  Apesar do sistema Braille prestar à comunidade cega um serviço importante, é pequena ainda sua abrangência. Nem todas as pessoas com deficiência visual são alfabetizadas em Braille. Uns tornam-se cegos quando adultos, dificultando uma nova alfabetização e outros não têm disponíveis em sua cidade uma escola especializada. O custo do livro em Braille também é muito alto tanto em razão da gramatura do papel quanto em relação à impressão do texto transcrito. Por esses e tantos outros motivos, a maioria dos cegos e deficientes visuais sofrem uma lacuna na sua educação: a falta da leitura de bons autores nacionais e internacionais.

Uma solução mais em conta é o livro falado, técnica muito difundida no dia a dia de quem não enxerga. Existem audiotecas no Brasil e o acervo vem sendo produzido por voluntários que se sensibilizam com  aqueles que querem estudar ou se divertir, mas que não encontram material disponível para atender às suas necessidades. 

Normalmente o ledor - termo usado para quem lê ou grava livros para cegos e pessoas com baixa visão - é um leitor assíduo que consegue dimensionar o que pode ser a vida de uma pessoa com poucas chances de leitura.

 

Apesar do gesto solidário, em geral os recursos e o conhecimento para a realização de uma gravação de boa qualidade são escassos. Tais gravações são feitas quase sempre em fitas cassetes, material com vida útil curta e baixa possibilidade de edição. A digitalização oferece mais qualidade e permite a disponibilização de audioteca via internet. 

Capacitação de Ledores

Para cobrir a lacuna de audiotecas insuficientes e acervos de baixa qualidade e poucos títulos, a  atriz AnaLu Palma, envolvida com a formação de atores cegos, desenvolveu um projeto para facilitar a propagação de audiobooks, que atenda a esse público. 

O projeto Oficinas de Capacitação de Ledores (livrofalado.pro.br) qualifica o ledor voluntário para a feitura de livros falados. A Oficina ensina o ledor a manipular o programa de gravação em computador, que aperfeiçoa a edição e facilita a copiagem do arquivo para CD.

O ledor aprende ainda a conhecer o estilo do autor que vai ler e gravar, debruçando-se sobre o conteúdo do livro para misturar-se com a atmosfera proposta pelo escritor. A leitura não deve ser uma dramatização do livro, mas também não pode ser distante e indiferente. A medida ideal é atingida pela prática de gravação.

 

Para uma leitura clara e agradável, aprende-se também a usar os recursos vocais. Assim, descobre-se o próprio ritmo, dicção e inflexão, em uma mistura de prazer e  desconforto que qualquer nova aprendizagem provoca. Em compensação, o  resultado é o crescimento, é a melhora da atuação da pessoa em vários setores da vida, pois ao se trabalhar a voz, trabalha-se o corpo, a postura e a respiração.

Por fim o ledor descobre que este é um caminho de mão dupla. Não só doa a sua voz para crescimento dos outros, mas ganha ao apropriar-se da própria voz, que é sua identidade sonora.

 

 

 



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