Convivendo com a Diferença

A dor da rejeição

A dor da criança ao se sentir rejeitada pelos pais ou por um deles.

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Estudo recente publicado pela Psicological Sciense concluiu que a dor da rejeição atinge também fisicamente o coração. Testes com voluntários provaram que os batimentos cardíacos caíam significativamente diante de uma rejeição expressa por um desconhecido (imagine, então, quando se trata de um ente familiar!). Observou-se ainda que o coração das pessoas que se sentiram rejeitadas demorava mais a voltar ao normal após o momento da rejeição. 

 

As reações físicas são, presumivelmente, desdobramento das emoções vivenciadas por quem é rejeitado. A intensidade dos sentimentos vividos, de menos-valia, de culpa, de dor moral pelo desamor, são capazes mesmo de interferir no equilíbrio orgânico, assim como faz com o emocional.   
 

Uma criança pode se sentir rejeitada em algumas ocasiões de sua vida, como, por exemplo, por um coleguinha da escola ou da vizinhança ou até ao sofrer ocasionalmente algum tipo de bulling, mas a mais grave situação e com maior repercussão em sua vida adulta está relacionada à falta de afeto dos pais ou de um deles por ela.  

 

Formas de rejeição

A rejeição é sempre uma violência contra a criança seja ela física ou psicológica. Quando na forma física, ela pode deixar rastros visíveis e despertar a atenção de outras pessoas, mas a violência psicológica é mais silenciosa, só se revela aos mais atentos ao comportamento da vítima ou ao que ela comunica.

Dentre as formas mais comuns de violência física estão as punições que não respeitam a fragilidade e a integridade da criança e não consideram a diferença de poder e de força física. São socos, empurrões, pancadarias, covardemente promovidos por adultos que se justificam  “educando”, “pois assim foram educados e deram certo”. Qualquer banalidade vira motivo para desencadear a fúria do brutamonte que não consegue lidar com a própria agressividade.  Na verdade, nunca há intenção de deixar marcas denunciatórias, mas a raiva e o descontrole do adulto podem levar a terríveis consequências que acabam por expor o agressor. 

 

Outra forma muito comum é o uso de xingamentos, de palavras grosseiras e ofensivas dirigidas à criança. As marcas aqui são só psicológicas, pois a criança não só absorve os conceitos, sentindo-se incapaz, inútil, imprestável como também culpada pela decepção que é para os pais. Esta falta de cordialidade no trato tende também a marcar o relacionamento dessa criança com o mundo.
 

Aparentemente mais suave é a rejeição expressa no criticismo em excesso, que não necessariamente envolve xingamento, mas cujo efeito é tão danoso quanto este. A criança parece ser uma eterna decepção para a família, suas conquistas estão sempre aquém do esperado. Ela percebe que nunca alcança a expectativa dos pais. Em geral são filhos de pais extremamente perfeccionistas e inseguros, mas na sua fragilidade a criança atribui a si própria a culpa de tantos desacertos.
 

A negligência infelizmente deixou de ser rara no mundo moderno. Pais muito “ocupados” com suas próprias vidas não encontram tempo para atender, ou sequer perceber, as demandas do filho. Ele sente que é um estorvo na vida dos pais, pois nunca há tempo para ele.  A criança se vira sozinha nas questões escolares, de relacionamento, de idas e vindas, se expondo a inúmeras situações potencialmente perigosas por conta de sua falta de discernimento e de limites. Embora não haja uma hostilidade aberta, o abandono é bastante sentido pela criança que percebe a falta de atenção, de acolhida e de proteção mesmo quando os pais estão por perto. 
 

As vítimas de violência escoam sua dor emocional de diversas formas: dificuldades em lidar com o apetite (falta ou excesso), no rendimento escolar, no sono, na falta de concentração... Podem se tornar crianças muito tímidas e solitárias ou muito agressivas e repetirem a violência com outras crianças.
 

Nas várias formas de rejeição, a criança atribui a si a responsabilidade pelo que acontece, quando ela é apenas uma vítima. A responsabilidade é inteiramente dos adultos que por imaturidade, insegurança, repetição da própria história de vida, passado mal resolvido, frustrações, idealizações, etc não conseguem amar o filho e assumir o papel de protetor e cuidador dele. Uma história que pode ser mudada, para o bem de todos, com ajuda psicológica.  

 



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